segunda-feira, 10 de junho de 2013

RELACIONAMENTO INTERPESSOAL

O relacionamento interpessoal faz referência a todo e qualquer processo que envolva interação humana. Dá-se por via de influência recíproca entre um sujeito e outro, independente de sua forma de manifestação ser comportamental, verbal ou não verbal, pois até mesmo as projeções de pensamentos ou simples reações físicas deixarão implícito algum conteúdo.
O ato de relacionar-se implica em muita complexidade por ser contínuo, sempre estamos influindo pessoas e sendo influídos por outras. A conexão entre seres é uma via de vai e volta, assim como damos, recebemos concomitante. Não existe possibilidade de esquivarmo-nos de ser incutidos pelas pessoas que nos rodeiam. Apenas delineamos quem somos a partir do outro.
            Não é raro o fato de o ambiente de trabalho ser por nós mais tempo frequentado do que nosso círculo familiar. Passamos demasiado tempo do nosso dia no circuito profissional onde grande parte dos relacionamentos interpessoais ocorre e, juntamente, os conflitos.
Toda e qualquer interação entre pessoas não foge da eventualidade de conflitos, sejam eles simples ou de maior complexidade. Não há como fugir desse fato, já que cada pessoa é única e tem seu jeito singular de pensar e agir que, muitas vezes, vai de encontro ao do outro. No entanto, eles devem ser trabalhados para que não promovam resultados desagradáveis ou até mesmo o rompimento da relação.
Tolerância é uma característica chave para que relacionamentos se estabeleçam de maneira saudável. A habilidade de relevar situações desagradáveis e contornar fatos indesejáveis é adquirida. Só tem boa capacidade de relacionamento interpessoal quem o deseja e se empenha em ter. Através da forma que nos posicionamos diante de uma interação interpessoal escolhemos como será este relacionamento.
Se comunicar claramente, conduzir situações com leveza, ser assertivo, saber se expressar sem invadir o espaço do outro, delimitar o próprio espaço sem acuar o outro, dar espaço para as virtudes e os defeitos alheios, são habilidades comuns em pessoas que cultivam relacionamentos duradouros, tanto de amizade, quanto amoroso e familiar.
Estabilidade plena é algo impossível em se tratando de relação. Adversidades emergem mesmo nos relacionamentos mais felizes, negar isso é negar a realidade. O que existe são relações harmônicas, onde pessoas lidam com o ‘pior’ do outro sem deixar que isso afete o vínculo entre eles.
     Para que relacionamentos interpessoais perdurem e sejam satisfatórios é preciso que haja uma maneira adequada em sua condução, nas mais variadas circunstâncias que venham a perpassar. Requer habilidades, chamadas  de competências interpessoais. Não é um dom ou uma característica inata, e sim um aprendizado contínuo que se dá através das vivências.

Psicóloga katree Zuanazzi
CRP 08/170170
Publicado no Jornal de Notícias "A Folha de Saltinho" dia 08-06-2013
Pode ser reproduzido citando a fonte e a autora. (Lei 9.610/1998) 

A FANTASIA DO AMOR PERFEITO

O amor perfeito é vivido em sua impossibilidade de concretude, é existente apenas em nível de pensamento, fantasia, tudo no campo do imaginário. Na prática depara-se com o desmascarar da ilusão, com a frigidez da plenitude, com o fim de um começo que nunca existiu. O amor na realidade nunca será sublime quanto na fantasia.
Quando nos deparamos com a possibilidade de amor é arquitetado, consciente ou inconscientemente, toda uma estrutura mental a respeito deste sujeito que é um potencial ser pra ser amado, bem como, para todas circunstâncias que permeiam esta relação. Em meio à emergência de uma infinidade de fantasias cercando este sujeito, uma expectativa passa a existir que confronta quando o real se faz presente.
Quando contatamos realmente o objeto amado, o descobrimos, o desvelamos, destrói-se juntamente toda e qualquer possibilidade de amor pleno. Alguém disse que só se ama um desconhecido. O desconhecido é a nossa perfeição projetada em um alguém real e incógnito, que por esse fator se torna possível atribuí-la todas as virtudes que julgarmos necessárias. O desconhecido é criado por nossa ideia de ideal, mas quando a pessoa deixa de ser desconhecido se desmancha toda a construção outrora estabelecida.
O conhecido é um ser independente, que atua além do que queremos ou desejamos, que tem vontade própria, que tem defeitos além do que pensamos, que critica, opina, tem costumes, manias, maneiras subjetivas de ser, e isso destrói o amor. O amor é massacrado com o conhecimento. O amor perfeito, pleno, fatídico só existe no plano da fantasia. Ao deparar-se com a realidade, ele involuntariamente se dissolve dando espaço as imperfeições do sujeito amado. Só resta chorar o amor que se vai, elaborar o luto e se lançar a um novo processo semelhante, ou aceitar este amor imperfeito.
O amor imperfeito não é menos amor por ser mais angustiante. É tão intenso e verdadeiro quanto o amor no plano da fantasia, apenas mais complicado de se vivenciar. Talvez por isso tanta gente tenha preferido manter relacionamentos virtuais. Como é difícil lidar com o defeito dos outros e vê-los agir sem saber o porquê optaram por tais comportamentos, ir de encontro as nossas vontades, questionar nossas verdades, nos travar, confrontar, mostrar outras formas de existir, nos impressionar, nos deixar confusos, atônitos, sem saber lidar com o enigma que é este outro, mas não é impossível de estruturar-se como relação estável. Aliás, é totalmente possível! Qualquer pessoa com maturidade é capaz de fazer esta transferência da fantasia para a realidade e se adaptar a ela, mesmo que com sofrimento e lástima. Isto é o amor verdadeiro.
As pessoas querem uma coisa que não existe e vivem frustradas por não conseguir alcançá-la. Mas a frustração apenas ocorre porque foram criadas expectativas exorbitantemente elevadas, em que não há o mínimo de chance de serem condizentes com a realidade. Quem não fantasia com “contos de fadas” mirabolantes não corre o risco de sofrer tanto com a realidade que, querendo ou não, lutando ou não, jamais será livre de infortúnios.
Psicóloga katree Zuanazzi
CRP 08/170170
Publicado no Jornal de Notícias "A Folha de Saltinho" dia 01-06-2013
Pode ser reproduzido citando a fonte e a autora. (Lei 9.610/1998)